terça-feira, novembro 24, 2009

Trevo

É algo como desfigurar-me, de tanto querer perdi a oportunidade de o louvar. Onomatopeias calmantes empurram-se da sua boca para fora, ou assim se diz por aí, sussurra toda a imperfeição que lhe consagrei. E foge enquanto os trompetes correm a chuva, desmedida a contradição que te faz fragilizado, cisma metafísico que se descobre. Água irrompe num intercedo ao abismado, quietude do envolvente: Contornei-me se nova via, nojo que tens ao reconhecer a essência do fedor, reconhecer-te como consumido consumado por tão pouco, absurdo abstracto o que te salva. Sílica amorfa resfriada e mais tarde fundida, não há rogos que não se lhe enxerguem, facilidade de com ela sair. Como tal em si não se centra, pecou por outra verdade, retirou-se em si num análogo para se arquitectar.

sábado, novembro 21, 2009

Por vezes estar circundada é do mais delicioso que me acontece. Em flagrante deparo-me com o que destruo, os burburinhos murmurados que fornam o córtex, mais adiante está o meu trunfo. Aquilo que obtenho é tão melhor que sinto a confiança por segundos, até desvanecer nos afectos de outros; permaneço no gelo. Uma nulidade invade-me e enxergo que aqui persisto,
Sem quem ouça os desfechos.

A dissimulada e os roubados

Ela não que intercalar embora divague a dor de um medo que já não lhe pertence, e a lembrança duma juventude tão pouco impotente. ‘ Que me aconteceu? Espero que o resfriado não envolva a pena que te salvo’. Enrijeceu quando soube da partida de um outro, o roubado duma sucata do sul. Vagueou de cabeça baixa, Rum já tinha ido embora, não tinha quem dissimulasse escutar. Não tinha, até lá, a sensação de compreensão como água que escorre pelos vidros.
O pescador, morangos e o caranguejo do diabo. Amacacar o engodo do ego surpreso ao nojo.
Amachucar linhas de palavras, atirá-las ao ar e remenda-las, um vago acto mecânico levava-a a roer-se por dentro num culminar de palavras esdrúxulas. As pernas já descaíam para a esquerda (perfeita e estouvada), deixando-a desamparada.’Somos todos horas contrafeitas.’.
Num espaço de tempo absorto as luzes fluorescentes confundiam-se no amarelo deslavado envolvente, relevos autóctones alastravam a parede ate ao campo de visão deles. Num desplante, cortejam o que os sobrevoa, cercando-os de remorso. Permaneciam chávenas nas mãos, solidão que os invasores traziam, inerentes aos paradigmas que me riscam a cabeça afectada pelo cataclismo sentido na vibração de quem me vem roubar.

domingo, novembro 15, 2009

Escrevinho

Já lá vão 107 vezes que me deixo encantar enquanto alguém arruma os seus dedos e toca mais uma balada, pelo patriotismo que eu não favoreço, à excepção da contemporaneidade do ouvido. Por ser imensamente persuasivo, continuo no isolamento de um consolo que me afaga o pêlo, compondo letras e palavras que me esticam as peles que fazendo doer na particularidade exterior a mim espetam, como se de uma só me tratasse e sem porções superficiais, entreabertas à densidade que nos cobrem, uma igualdade. À entoação desta voz que expira o fumo do colorido Olimpo, em tons fluorescentes e recíprocos a uma queda sons, as tónicas elevam-me a consciência. Lembro me do que já vi e penso se errei mais do que mero o caminho e a dose, também ela frívola, que me concede a traição. Nunca houvera sedas nem veludos, a simples pele deixa-me deslumbrar uma nudez que por si se expira em suspiros de açafrão. Agora sinto-me esguia e interrompida, na convicção de nada confiar, pouco planear de uma ainda menor erudição. Retiro-me desta partitura, aberta à persuasão de um melhor agoiro enigmático, uma outra equação.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Quatro viagens

O senhor Zé. Fruto da dignidade e providência de serenas castas provincianas, embebido na rotina jovial impedida pela convicção de não haver melhor para si. Não tem demoras mecânicas de que não se enxovalhou, mereceu as rugas do ofício. Tiro a barriga de miséria, já ele vem resvalando o negro sem se deixar oprimir por memórias vividas de tempos livres, seus conhecidos pela glória, fervor de alegria, o íntimo gritante encurralado num corpo tenro de calosidade. Poderia vir a ser o novo homem, embora nada mais discurse do próprio senão o que analiso e o mínimo que ouço, mas não se deixou corromper, ao optar por zelar uma segurança rotineira e espirituosa, criando laços aos desconhecidos. Por mim deixo-me ficar à beira da fronteira, enquanto satisfaço a jornada.

Intitulado Príncipe Mau pelos tortuosos minutos a que nos obrigou a correr. Um desrespeitoso e agravado organismo conservado pelos passageiros, tão pouco ou mais insultados que ele pela existência, desmotivados, ou meramente desprovidos de vontade, se deixam rabear pela vida. É um deles que nos conduz, roubando promessas estonteadas de quem repisa, e esmaga rodas no cume do alheamento, violando o sagrado ambiente. ‘Do que será feito de mim, onde consistirá a minha fracção?’.

O Natalício despe as peles alvas e cavalheirescas para se debruçar sobre a raia mais miúda que pelos transportes populares se vagueia, ocultamente, prega a suas renas que o façam conviver a subnutrição de alegria que por ali se colhe, rugindo graças em falatórios breves. Encobre a fantasia num corpo mais médio, entrelaçando-se ao volante das nortadas que clareia, assim brusca de época a climas. Redesenha a linha do desespero de quem corre caminhos já proferidos e preferidos, atingindo as bravas baladas que espevitam as curvas.

A sereia descobre-se de fantasiosos sonhos esmurrando com pouco azedume quem cotejar as boas formas, estéreis de tanto uso e poder, agita-se pelas padecentes fingidas de mais uma vida, porque o que já mergulhou nunca mais veio ao de cima. Ao menos que se deixe desenterrar o tão pouco tacto e tanta a repulsa que a acompanha, de tantas arvores que a perseguem, recebe o relaxamento de arrepios cálidos. ‘Não faz mal se não se entender, há tempos que se deixam continuamente incompreendidos.’. Uma vez baqueou, enrolando todos esses instantes esfaqueados pelos movimentos inconscientes que assim caracterizados usurpam lugar ao contentamento. Deixou-se estar, sem antes praguejar uma falácia.

domingo, novembro 08, 2009

Variações

Já apalpei e especulei, senti a observação também, mais pela curiosidade depois esquecida, não me convenho sem interrogações nem pontos, só me resta ouvir dedilhados memoráveis destes (agora) coutos constringidos da proibição em que me tomei, uma prótese quebrada e deixada findar pelos enfadonhos que me perseguem e o pouco suor embutido no mogno, embaciado pelo escárnio da fala, e secalhar é o tolo, quem escreve disparates destes no discurso.
As vértebras de pouco me chegam para o escorço desta viva epifania, vista entre os escombros da perpendicularidade e em tão poucas sinuosidades. A memória deixa-me pouco a cantar, sem nada que arranhar nem o espero voltar, à medida que colhe as verduras e é apunhalada pela frente sumptuosa e o tempo se deixa correr, no desaparecimento dum assassínio perdido na origem. Um arrepio estigmático não me deixa ir até ao silêncio, sobre o qual não paro de pregar, embora não me queira soldar a vincos já conhecidos. Restam-me rabiscos …

domingo, novembro 01, 2009

portmanteau

A sobriedade da realidade deturpa, embora o nada se trate de um imenso problema ensinado filosófico e crónico da multidão. Ninguém tem realmente importância histórica, atenção dada aos subversivos, mais do que o que faz tem valor a outro e, embora enfeitiçados pela racionalidade, deixamo-nos cair em esparrelas e danificar o baço de um todo que nos compõe a nós, venenos.
Vomitar a vontade arrogante que nos decide estar com outro já roubado, sem sítio prontamente confortável às nádegas do cepticismo e orgulho dignifica-nos as escolhas.
Prolixos poetas espezinham o mesmo veludo, mostrando maneiras de desperdiçar tempo balbuciando letras reconstituídas ao deixar a ressaca congelar.
A necessidade de pregar algo intransitivo e comodista, tornando realidade por sentimentos das outras vítimas resume a saga de um embriagado realístico, acompanhado pela arrogante racionalidade que nos esmaga no decorrer das oportunidades. Recriamos meios e espaços, expandindo o conhecimento a novas formas de nos torturar e destruir eficazmente. O esforço da irracionalidade deixa-nos para procurar sentido em nós, mesmo que idesarmados.

“The most memorable concern of mankind
Is the guts it takes to
Face the sunlight again.”