sexta-feira, julho 30, 2010

Frustração

Abandalham-se as feições, evitando as concordâncias como de quem foge de chuva. Desonram-se os mínimos movimentos e respirações, os compassos minuciosamente contados e ditados, os tiques e os flashes. A mínima semente de fraqueza entorna-se em ventos empoeirados, uma densa camada de fumo sobrevoa cada olhar, numa indecência comunal a quem lavrou estes trilhos espezinhados. São pobres os forçados a debater a mesma questão, aos mesmos marcadores que se difundem pelas entranhas do solo. Afagando as cinzas dos que não sustiveram o frio gélido, continuam. Esta simples crença foca-se na despedida da estranheza que nos enterra na calamidade da indulgência. Ficamos, assim, uma vez mais, sentados e acompanhados pelas marteladas e pelas embirrações dos instrumentos de sopro, na plena consciência do desperdício de tempo que nos incha as veias, que nem a melodia consegue acalmar tanta sede, tão pouco a frustração que nos corrói.

terça-feira, julho 27, 2010

Acordar

Focando-se num certo ponto, em que a escassa expressão é resumida a batuques de encostos e mãos retorna a uma embriaguez dos céus cinzentos que acabrunham o final do dia, na naturalidade forçada que remexe as entranhas da consciência, de formas peculiares e esgaravatadas pela necessidade de se sobressair. O falso hábito da acomodação e o molde do berço tão pouco juvenil embaraçam-lhe as maçãs do rosto, enquanto se revê em pássaros de papel. Tão frágil como persistente, passeia o impasse da corrupção, arrebatando folhas espezinhadas, que despertam um sinuoso instinto de parar. O silêncio bloqueia a distinção entre realidade e a alucinação, enquanto a imaginação emboca pelos tímpanos infalivelmente eclodidos. A fraca imensidão de luzes emergem-se-lhe em sonhos pútridos, as ondas entrelaçadas irrompe-lhe o peito de fífias e deslumbres, de tons pastel e fluorescências, causando a queda na irreflexão.
Um apito falso e longínquo ouve-se, denota-se um esgar na sobrancelha esquerda e um lapso. Levam-se lhe as mãos aos olhos, arrastando os papos até às orelhas, enquanto estremunha o último pesadelo pela ponta dos cabelos.