domingo, dezembro 28, 2008

Desinibido

Em casa não existe jamais o sentimento maternal, agreste insipidez e desabitado movimento perpétuo é o que permanece...



à Laura.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Vilipêndio

Nostalgicamente abres os braços do vento, gesticulas dedos á espera de marfim que os suporte. Sequência de graves, um suporte que se abre em mim entre as portadas de varanda. Observo o leite vazar, dedos a abrandar. Encosto-me sobre madeira podre. Significado simbólico, ciente da fidalguia envolvente, pisa em espera que algum balão se desocupe sobre si mesmo. Sais desse transe benigno ao qual te cambaleias sem esforço. Pairas sem pensar, olhos na ladeira que te avizinha. As plantas já sucumbiram á aristocracia, mal te moves sem rasgões. E observas… indecisos polegares movimentam-se sobre mármore negro, a bonina e a menina que me mancham o olhar.

terça-feira, dezembro 23, 2008

Desalento

Who will penetrate these tightening muscles? Who will cut across this dickering skin? Who will be the one to leave their hand in and pull me out my golden heart? Who will? Who will? Who will? From all the ashes of home, the crashes. Who will be the one? Who will lay me down in green pastures or leave me from the burning sands, who will be the one to lay their cards down and always hope a whining hand. Who will? Who will? Who will be the one?

sábado, dezembro 20, 2008

Ablepsia, Anopsia, Ignorância.

'Tentei ligar, mas fugiste uma vez mais'. Repetiste-te e pegaste no pincel, pintas-te sem saber, deixas-te me escorrer. Estava solarengo e as janelas entreabertas deixavam o espaço amplo esmorecer, caia água por entre a telha formando monotonia. Erraticamente desesperado, abri os tímpanos ao afagar a estafa «…Na sua 1ª aparição, a China ganhou medalha de ouro em Voleibol, é….». Pisei o sangue que se expandia ao longo do tempo, florescia de fora para dentro deixando a flora inundar o ar. O tacto esmurrava calmamente a pintura, a cólera reagiu-me. Correra mais um dia sem eu cair num campo proibido. Podia tentar adivinhar o tom, frio era como o toque - um toque de roxo frívolo talvez? Tentação de chamas movidas a anos de luz, invenções e lembranças distraídas, um rebanho move. Esquecimentos repugnados entranham-se na calçada ao caminhar. Já não sinto medo, continuo a embater em ti, nele, em todos vós. Dificilmente entro passando pelos degraus de mármore e a abertura da porta, só o odor a massa e o doce café granizado. Vieste e guiaste-me mais uma vez ‘Já não sei a textura, recordo a cor’, rangia e deixaste-me só com o infortúnio destinado imaginado, pintado por corda. Autómato, nada mais que um boneco de corda de outros. Agora que entendo mais sem ver, o que antes vi recorda a tolerância. Nada mais que um panelão vazio, audição que valia a vida. Tacteia pelas cordas, calma. Puxei um dedo, milhões de flashes que se desatavam em mim, o som característico enchia a sala imensa.”Achas que as pessoas surdas vivem mergulhadas num silêncio infindável?”, haverá sempre som com ou sem ouvidos que se deliciem com ele, dizia. Ah, as imagens, …a harmonia não é relembrada assim, pois chegou com a mesma perda que a todos custa menos ao sofrido. Sentia o arranhar com mais força que nunca, brechas abriam para o deixar circular mais além. Os sininhos tilintavam e eu aumentava a corpulência. Entranhava-se por estímulos eléctricos, arrepiava-me a pele, os pratos rangiam tocados por espuma, o sopro fazia o metal aquecer, estava composta duma vida só… Estava para ali sentado, remexia estupidamente algo que nem conseguia materializar, tremia ao metal frio. A última visão tinha sido o relógio, e depois… depois quem me matou a forma de ser, explique a forma de estar. Após trinta anos foi-me roubado o legado acostumado à vivacidade irada que um dia me pertenceu.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Pretérito

Estava na hora, pasmava assim estagnando o tempo. Fogo forte da passagem de um melro, chilrear de quem já não aguenta mais chumbo. “Pelo mar, o bom do vento marca o tempo da canção”.Cãibras musculares - de vós que esticavas o imenso menos possível, pretérito mais-que-perfeito - por tentar agarrar o céu, pasmava sem ligar á dor. Tentavas desenhar-me o acontecimento, enrolando volutas com a tinta que fugia madeira abaixo. Era a guerra de fachada entre o absurdo e o plausível, sendo nenhum prestável a um coma ao correr da ampulheta. Sabotássemos nós, ‘Hei-de’. Será que arranjas quem te salve? - Tenho pedras por contar - arranjas algo néscio meu, que já esqueci no frio mais abrasador do meu nada antecipador á tragédia. Era negro, Impedia de qualquer campo de visão, sentia-me flutuar. Já não me puxavas, deixavas a guerra civil acabar com este matrimónio construído sobre raízes impossíveis de estagnar...


Vamos festejar, pois só já nos resta cair.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

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O que se sente rebate-se sobre o que se é sem medidas a limites. Percebe-se a insignificância, a finitude nunca antes vista por perto. Fundem-se no cinzento, não dão que pensar ao ser esmagado violentamente - não é a pedra, a folha que esmagam, é sim a formiga, mesma que me trepa acima. Chama-se de novo á mesma sala, planície dos que paravam sem caminho. Olham-me nos olhos pela superfície espelhada, rodam-se lhe os globos oculares lentamente até pararem secos, pálidos manchados por pálpebras inconscientes. Rotação constante gemida pela terra que pisou a consciência. Queríamos ser maiores, mas fomos diminuindo ao invés. O fumo expandia-se pelos músculos. Rastejava com irritantes chinelos de borracha, coçava a flanela envolvente, agarra-se ao ferro com se forma uma ligação, áspera dor da delícia do masoquismo. Puxava e mais um pouco se expandiam os pulmões escarnecidos.O calor colossal levava-nos ao auge, éramos leves migalhas que voavam num fumo púrpura, ou roxo, ou turquesa. Quem saberia? Caíram-te os chinelos, o ferro fraquejou ao tentares manejar um continente por si só. O tamanho ajudava mas não eras tu quem se destinava á mesma fraqueza inoportuna. Não dormias ao levitar, desgastavam-se os tecidos deixando a carne viva límpida e bela.

Puxaste o filtro, desiste, esmaga-lo igualmente como tu antes foste.

My one sided warmth, i just wanted more
But i'm small, i'm not a planet at all
i'm small, i'm small, we are all.