Descrevendo a sua acção, formou-se um movimento composto: criando espaço. Num movimento rápido, habitual ao desengano de quem observa, repara-se atrasado na realidade. Deixa o tabaco queimar, e anda. Uma vez mais sou eu que prescreve horas, revolvendo. ‘Mas quem pode dizer que eles se cerram, senão mais do que nós? Não as esperas, nem ninguém que vier simplesmente riscar e criar outro novo compor’, repito-lhe. Começas pelo meio, às esperas que subentendam o já esquecido inicio, noutro trajecto que é feito, são simples voltas estudadas. Impressionante o quão o tempo me é fiel, de como o abismo se reflecte em mim, os tecidos evolventes em drapejados desordenados. Torpeza a uma causa que se opõe aos aguados, só nos engana por pensar que algum de ambos vai começar. A lasciva levo-a eu à boca em colheres de café, e olhamos os silêncios estratégicos de qualquer um. Se num esgar de voz ‘…te vês mais um corpo defeituoso não te falta mais nada senão ser aquele que ama, estúpida miragem que é a paixão, o emudecimento continua a entrar, só o dizes se quiseres, que mulheres são feitas do seio do homem’.
O anelar e o mindinho seguram-nas as duas flutuantes, articulando movimentos em alça de balde as restantes costelas, os músculos torácicos agora paralisados, erguem-nos. Começo a abotoar e ignorar, o esperado já foi gemido e sabido de cor. Não queremos ver, mas a tentativa falhada leva-nos ao mesmo desenrolar de meses a fio. Não é o feitio, é a dedicação.
domingo, outubro 25, 2009
sábado, outubro 24, 2009
Ciúme
Que não há mais nada a revelar é que é certo tudo boiar, o mau feitio vaguear, sem pesar, na consciência que de mais ninguém é. O entusiasmo deste pecúlio desaparece continuamente, se já o houve, e que o tempo não pára já se aprendeu mesmo sem falar. Que podia omitir e fingir, por vezes confortavelmente este sacerdócio agasalha para depois rebuscar a súplica. Esta conversa de nada mais chega do que a absolvição da própria, reconhecimento do emergir mais uma vez, uma loucura cismática que pouco deixa à margem, tudo de mais pelo que devia proibir a persistência, raiva esta que já se ira. Não devemos, mas todos decaem joelhos no epílogo. Balançam-se os dois no crânio, que já não aguento ouvir o mesmo grito rasgado e acordes surdos, já os mudos olham a minha passagem. Não é mais um capricho, deste que não assino com o nome, dependente da explicação universal, por vezes sucinta e sebenta. Nojo que traz o chorar das confusões dos caninos, tiranos que enxotam, os atarantados que proclamo para numa deles me tornar, afogueio num fervilhar de pensamentos reescritos. Fito o que nos nasce no corpo, quem conduz o navio, o metrónomo errado pelas voltas da praça. Ao mexer, também eu sou marcada pela inocência, quais os irmãos enxergados, os primos entrelaçam-se. Que os olhos dizem mais do que o que a idade tenta vender, porfio sem indagar.
sábado, outubro 17, 2009
Niilismo
Ao antagonismo, que tanto o profano. Quando o escrevo na primeira voz, sinto-a masculina, e deixo tocar alguém que só assim acompanha o cortejo extorquido da voz que respira na nuca. Que não o quer continuar embora o conte curto, numa incompleta segurança e seriedade.Nunca alcancei o que de são fiz.
Do sobrevalorizado desamor que tenho a isto, ou da paixão extinta, nada mais é menos que este todo. Um gemido não me chega, não me engomam as entranhas sem primeiro esventrarem a mente, retirando o cotão e o mofo que me criam. Uma falta de equilíbrio enquanto giro em torno do mesmo, saltitando entre linhas por vezes, sem espectadores. Um manifesto de que nada se usufrui sem ser a ignorância natural, estúpida crença já adoptada dos que antes a desenharam. Manipulação da morte, fruto da casta vontade sem lógica que é a qual que consegue ter efeito nesta simples língua gestual. O fim ausenta-se, manipula-se uma morte das explicações escusadas e vergonhosas, mentira de regras que não permitem as rodas misturarem-nos, nu momento valorizado pela simplicidade absurda. Volto sempre aqui, embora queira ir, sem razoes para nada abstenho-me de relances, atrasando a burocracia financiada pelo desgosto.
Porém permanecemos? ”Emaranhados numa mímica sem sentido e absurda” já o dizia ele.
Do sobrevalorizado desamor que tenho a isto, ou da paixão extinta, nada mais é menos que este todo. Um gemido não me chega, não me engomam as entranhas sem primeiro esventrarem a mente, retirando o cotão e o mofo que me criam. Uma falta de equilíbrio enquanto giro em torno do mesmo, saltitando entre linhas por vezes, sem espectadores. Um manifesto de que nada se usufrui sem ser a ignorância natural, estúpida crença já adoptada dos que antes a desenharam. Manipulação da morte, fruto da casta vontade sem lógica que é a qual que consegue ter efeito nesta simples língua gestual. O fim ausenta-se, manipula-se uma morte das explicações escusadas e vergonhosas, mentira de regras que não permitem as rodas misturarem-nos, nu momento valorizado pela simplicidade absurda. Volto sempre aqui, embora queira ir, sem razoes para nada abstenho-me de relances, atrasando a burocracia financiada pelo desgosto.
Porém permanecemos? ”Emaranhados numa mímica sem sentido e absurda” já o dizia ele.
domingo, outubro 11, 2009
Imponderabilidade
Gentilmente se esticam os cantos maneirinhos, formando-se arredondados na decência de quem observa o já esperado, mera cortesia delicada ou puro desejo. Tomara sabê-lo, enquanto revira olhos para a janela. Comungam-se olhos na margem, ela retrai-se e estremece às vibrações, ondulam-se as paredes em seu redor enquanto embacia o vidro. A volta ainda nem vai a meio do processo, já alguém se levanta para pedir mais uma embriaguez, da visão turva já só subsistem vagas. Só um segundo, o toque de cetim descentra-me do nylon, e acabo de desistir. Focam-se e fujo quando se espanta em mim, e carne tão pouco franzina esbulha-se em prazer à medida que aumentamos ruídos. Embebemo-nos nesse olhar contíguo em que o prazer remanesce embora nenhum comece o feito, a ponderável mentira que nos chega nada serve à sucção de lava-pés a que estamos inscritos, conquanto mesmo iguais perdemo-los de vista, uma perda no que se segue. Pedúnculos afundam lama, esta que todos devorámos no trilho. Indicador e anelas afunda-se pouco mais no salmão, os impulsos eléctricos fritam-me o cérebro, ‘E a névoa, o que é?’. Braçadas e indagas resumem o fulgor sofrido de ambos dois, chupados e frios de qualquer sangue embora carnudos, agrimónias para quando mais uma vez quiserem chorar pelo horror. Pêlos reúnem-se em trinchas roxas, unhas deixam-se cotejar em fúrias, mansas perdições que levam o saber, reflectindo na pérola: o simples afrouxar acaba no retalhar.
sábado, outubro 10, 2009
Verdes Anos
Aprendi a cantar debaixo de água, num sufoco ou outro afogo e esqueço me, no fundo da podridão, não retorcerei. Aguadas de tinta-da-china vão me demarcando o passo. Dúbios parvos olhos, esses que seguem o calor humano. Atravessa-me um mastro o estômago, desenrolam-se os noves metros do mais encardido e puro que crio, num clemente carácter curvilíneo.
Contraindo cotovelos e caindo, respiro o folgo, um redobro e um impasse estático e contorcido. Divergido o desejo, é-me incompreensível entender o rasgo de tantas verdades, a insolência da alforria e os nós. O peso de laçadas e entrecortes de atalhos numa cola acinzentada, sangue pisado entre suscitações e no qual me desfaço. Não me é possível na surdez do saber e da satisfação porque só assim o faria mais cedo. Descontentamento ao efeito de quem me segue os estuques, porquanto só anteriormente teria tido vaga a consciência. Derreti já a penhora e deixei-me consistir na vergonha que quero compor, para que jamais contemple.
O que eu danço, os esticar e distender, provando a torção e dor do sabor acostumado ao voar, é aborto. De outra forma não mo seria possível reescreve-lo assim. Não era outro o motivo que me levava a deixar remoinhar, destilar e sobre pedras moles exibir pernas esmurradas. A minha discórdia entre tantos que se deixam galardoar por ideais rematados, simples imaturidade essa de consciência e envolvência. Fixo-me em verbos rebuscados, detalhes descobertos de intuição. Deixo de compreender tanto esbracejar e já só escuto quem remata cordas, peles e madeiras, entre tantos tecidos que me forçam à vergonha saída dos poros, já por si verde demais.
Contraindo cotovelos e caindo, respiro o folgo, um redobro e um impasse estático e contorcido. Divergido o desejo, é-me incompreensível entender o rasgo de tantas verdades, a insolência da alforria e os nós. O peso de laçadas e entrecortes de atalhos numa cola acinzentada, sangue pisado entre suscitações e no qual me desfaço. Não me é possível na surdez do saber e da satisfação porque só assim o faria mais cedo. Descontentamento ao efeito de quem me segue os estuques, porquanto só anteriormente teria tido vaga a consciência. Derreti já a penhora e deixei-me consistir na vergonha que quero compor, para que jamais contemple.
O que eu danço, os esticar e distender, provando a torção e dor do sabor acostumado ao voar, é aborto. De outra forma não mo seria possível reescreve-lo assim. Não era outro o motivo que me levava a deixar remoinhar, destilar e sobre pedras moles exibir pernas esmurradas. A minha discórdia entre tantos que se deixam galardoar por ideais rematados, simples imaturidade essa de consciência e envolvência. Fixo-me em verbos rebuscados, detalhes descobertos de intuição. Deixo de compreender tanto esbracejar e já só escuto quem remata cordas, peles e madeiras, entre tantos tecidos que me forçam à vergonha saída dos poros, já por si verde demais.
Quimera
"Nothing of me is original.I am the combined effort of everybody i've ever known"
Não questionei, implementei-o. Seria catástrofe se questionasse, pois então não tinha raciocínios por muito que oblíquos? Era dúbia e inocente, deixava-se tocar e não mais cedo do que ceava. Alimento físico para a concepção mais gelada e estulta que em si se conserva. Olhava em volta e via abismo, ao que desconhecia e agonizava. Explode em falas rápidas, indescritíveis e imperceptíveis, pintando com rabiscos a fúria, imaginando-se em seguida a flutuar o toque em que se esborracha. Imagino-me a cair da varanda e já só acontece transigência. Continuava a ser heroína pelos jardins fora, a calçada sem pragmática fugia entre pernas, descaindo por vestes novas e rasgadas. Seus lábios penetrados por um ânsia que não se completava, derretiam se pelos ligeiros caminhos, contínuos contumazes. Queria picotar em veludo e cetim, embora o escárnio não concebesse o seu consolo despenteado e sujo, rasgar folhas de papel. Continuo a bater pernas, mãos, braços, orelhas e testas, haja obediência pela insatisfação do pecador. E rezo, mas só pelo seu fim e de línguas brejeiraras que o constringem ; por isso continua. Insiste e não alies a este demais devaneio não é mais que convulsão pela ironia do acaso.
terça-feira, outubro 06, 2009
Limbo
E por isso que não pensava recorrer a editar pensamentos destes na cabeça. Começam bulícios e trompas, recreações ditas por irónicos desempregados. Mas não o aguento, a ternura de os ver vacilar, a contrição de os pensar intervindo como relâmpagos na mente da decepção. O nivelar e determinar a espessura das peças nada me serve, se não encaixarem no entendimento, nada mais é vivo nesta lama que me sucumbe ao fim. Sou ainda colhida por roceiros, as borras de café cultivam um cheiro doce, grave aos olhos e embebido nas narinas, enquanto os alarves ainda tentam ceifar a fome no que escasseia, porque se não é mais do que destruição (embora veja um prometer e um atrair na cara daquele, asas na testa de novo) não impede de festejar, o champanhe já corre mar fora, tornando aurígero o azul. Quer alegrar o que já não vê, se perfeitos e redondos globos, amistosos de uma pobre esfera armilar, brilham ao movimento, a íris parece crescer ao dia. Soalhos a ranger, arranhares, ofusca-se a vista já enevoada, madeiras partem e ouvem-se os seus saltos ao horizonte… Fecham-me os olhos as pálpebras, incapacitam o meu cheirar, deixo de ouvir e é o silencio que me mata. O meu caos é não te estudar, o que nunca andastes, nunca serás mera ilusão fantasiada, que já nem a sonho em flashes. O papel estanca enquanto a surdez aumenta. Aterro.
domingo, outubro 04, 2009
Minúcia
Mexia-lhe no cabelo dizendo-lhe que lho surripiava a cada percussão. Perguntou dedilhando as palavras se queria mesmo e, contraditoriamente aos habituais continuei a adejar sem olhar para si e menti, gostava unicamente do tanto, não só, ou que nada mais me tinha passado pela cabeça por tanto que já por ali passava sem passarem a ser mais do que meras passagens. Habituais, esses do tremor e olhar, dum qualquer nervo e desprezo, estremeceram pelo medo de mim. ‘O que esperas tu, então aí sentado?’ ‘O horrível exterior e interior exposto em sanguíneas e sépias’. E é isso que também me quero. O único senão é tropeçar no processo que é ser cansado sem correr gente, e porque para nada isto serve deixo a minha assinatura nesta mais pura exigência.
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