domingo, outubro 11, 2009

Imponderabilidade

Gentilmente se esticam os cantos maneirinhos, formando-se arredondados na decência de quem observa o já esperado, mera cortesia delicada ou puro desejo. Tomara sabê-lo, enquanto revira olhos para a janela. Comungam-se olhos na margem, ela retrai-se e estremece às vibrações, ondulam-se as paredes em seu redor enquanto embacia o vidro. A volta ainda nem vai a meio do processo, já alguém se levanta para pedir mais uma embriaguez, da visão turva já só subsistem vagas. Só um segundo, o toque de cetim descentra-me do nylon, e acabo de desistir. Focam-se e fujo quando se espanta em mim, e carne tão pouco franzina esbulha-se em prazer à medida que aumentamos ruídos. Embebemo-nos nesse olhar contíguo em que o prazer remanesce embora nenhum comece o feito, a ponderável mentira que nos chega nada serve à sucção de lava-pés a que estamos inscritos, conquanto mesmo iguais perdemo-los de vista, uma perda no que se segue. Pedúnculos afundam lama, esta que todos devorámos no trilho. Indicador e anelas afunda-se pouco mais no salmão, os impulsos eléctricos fritam-me o cérebro, ‘E a névoa, o que é?’. Braçadas e indagas resumem o fulgor sofrido de ambos dois, chupados e frios de qualquer sangue embora carnudos, agrimónias para quando mais uma vez quiserem chorar pelo horror. Pêlos reúnem-se em trinchas roxas, unhas deixam-se cotejar em fúrias, mansas perdições que levam o saber, reflectindo na pérola: o simples afrouxar acaba no retalhar.

1 comentário:

Spark disse...

Mais um conjunto de excelentes palavras dissolvendo numa brilhante banda-sonora.

Bj ;)