domingo, outubro 25, 2009

A repulsa

Descrevendo a sua acção, formou-se um movimento composto: criando espaço. Num movimento rápido, habitual ao desengano de quem observa, repara-se atrasado na realidade. Deixa o tabaco queimar, e anda. Uma vez mais sou eu que prescreve horas, revolvendo. ‘Mas quem pode dizer que eles se cerram, senão mais do que nós? Não as esperas, nem ninguém que vier simplesmente riscar e criar outro novo compor’, repito-lhe. Começas pelo meio, às esperas que subentendam o já esquecido inicio, noutro trajecto que é feito, são simples voltas estudadas. Impressionante o quão o tempo me é fiel, de como o abismo se reflecte em mim, os tecidos evolventes em drapejados desordenados. Torpeza a uma causa que se opõe aos aguados, só nos engana por pensar que algum de ambos vai começar. A lasciva levo-a eu à boca em colheres de café, e olhamos os silêncios estratégicos de qualquer um. Se num esgar de voz ‘…te vês mais um corpo defeituoso não te falta mais nada senão ser aquele que ama, estúpida miragem que é a paixão, o emudecimento continua a entrar, só o dizes se quiseres, que mulheres são feitas do seio do homem’.

O anelar e o mindinho seguram-nas as duas flutuantes, articulando movimentos em alça de balde as restantes costelas, os músculos torácicos agora paralisados, erguem-nos. Começo a abotoar e ignorar, o esperado já foi gemido e sabido de cor. Não queremos ver, mas a tentativa falhada leva-nos ao mesmo desenrolar de meses a fio. Não é o feitio, é a dedicação.

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