sábado, novembro 01, 2008
Claire De Lune
O vento passava rompendo as nuvens, interrompidas pelo azul.Estiquei um dedo. Na iminência do que sei, nunca me confiava nada. Dobrei a mão, mesmo erro de novo. A chuva ocupava a mancham, expandida pelas portas. Decidi Observar. Um gesto, serenidade. Um só gesto para nós. Contrai a barriga, leva a mão pelo tronco, envolvendo a sua cabeça, estica. Rápido e gracioso, dobra o cotovelo para o iminente em queda, para. Gira o teu peso, rodeia sem firmeza. Estica-te como a árvore que te afirma. Um gesto. Observo-te como um pedaço de podridão, prestes a perder o que não pode levar mais além. Não havia água para nós, será que havíamos? Libertei a caneca e os tecidos escorregaram. Espeto a agulha com firmeza, sente-se morno e flácido. Penetra-te os poros, sem reacção. Formam-se vultos, mas nada flui. Já fluis-te o teu rio, que congela simplesmente. Já fluis-te, só resto eu.Ignoro a tua paz, continuo anestesiada. Tremo a dizer estes caracóis ainda imundam o teu espírito. Estas verde a meus olhos nocturnos, pálpebras arranhadas pelo tempo. O sorriso esboça-se na tua seriedade plena na tua tela, que não é de mais ninguém. Minimalista, o toque forte contra as cordas agrava o espaço. Corre a mancha por mim, respiração pesada. Tremes. Mereces, porque eu não entreguei. Como o polícia que nos arrastou aqui dentro, porque amor é não haver polícia, suspiras sem pulmões. E assim se vicia o ar do som, que nos escapou cedo demais.
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1 comentário:
Quando os momentos eram eternos, e nós - os mais altos - sabíamos que continuariam a ser. Ou, no fundo, talvez não soubéssemos. Quem sabe como teria sido se nunca tivéssemos vindo a saber. Se não sabemos. Uma completa eternidade de estagnações.
(Os teus textos estão muito bons, e esta música também. Keep up.)
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