segunda-feira, dezembro 28, 2009

Insuficiência

Ficava por cá a espreitar quem também não queria ter. Perspicácia: aquela que consumia a restante demência, era também quem via, descansados numa saborosa viagem curada, outros saltimbancos dum pas de deux. Procrastinação de uma ansiedade que me provoca o doloroso vómito, uma pequena tentação, no mínimo. Se não me ofereço, repele-me e saquei-a me calma. Mais a frente, depois das escassas rédeas que lhe foram sujeitas, aprecia-se: “A oliveirinha já nos deixa azeitonas, que fazem jus das donas.”. Continuamente dúbia e abolorecida, menos pela dor do que pela acção, a discordância arrumava os enganos, rangendo com as madeiras centenárias. As escadas já não fazem o gosto de carregar, encarregam-se de nos esmagar propositadamente. Deixemo-los, em cinzas, com quais provocações de nos rasgar as faces, cariz de novos ladrões. Deixemo-nos levar, os arranhões já criam as paredes, tal a força do desvanecer da nossa saciedade. Parece imperdoável, ambos restam em papel menos nós, ambas esposas de mesmo sumo, agros os arcos da demora que passamos. Já te fustiguei, de muito serviram as ratoeiras antes aptas. Como qualquer um, deixas-te o resto voar, largadas por frestas do desuso. Mas apegas-me, habitas sem pedir, se ainda guardas capacidades.Imediatamente se dissolveu o ânimo do velho edifício, até hoje tão verde...


à Irene.

sexta-feira, dezembro 25, 2009

Transgressão

Uma ânsia que espera os saltos, estalos sobre o soalho. Ela que se entregue aos pregos, suaves adultérios de uma efeméride que os interpela só para conseguir o seu sabor: a mistura de carnações que se unem para depois se afastar novamente; os joelhos crescem em tiras de papel; a verosimilhança de cores; o estático nervoso que corroía a convicção; não que se lhe diga uma tal perda de razão; a falta de açúcar; o correr de duas linhas conjuntas; o escorrer de “claros” enquanto morde o lábio; a sujidade do ladrilho. Claro que o seria mais formoso, dói-lhe a ele; nenhum de dois foge e embraiam-se no desfocado. Prescrevem duas linhas que engraçam nos caminhos de cadeias. “Que é que farias?”, cortavas mais um dedinho e inquirias, pérola que inunda as paredes agora vermelhas, gemem três mais uma vez. O toque do fundir do hipotético com tenção, são largas as faias que o saqueiam. Traduzem-se as traições a dedo, “Incidências do já pressuposto, deixavas de o querer; de nada arriscarias senão o poder puro.” O couro já rasgava as veias, desentrançando a dor e comiseração de quem roubou a dádiva.
Presentemente ainda se senta nela, a traição é um peso, mas lascívia melhor ainda que a natureza carnal.

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Pedaço

Simples o facto de uma pequena lascívia – digamo-la como uma suplica – transtornar o que observa, quem dedilhe, o rodar de ambas as peças com os mindinho, desajeitados defeitos amesquinhados, desde à muito fincados nas mãos. Revolvi-me, enquanto brisas de prata esfumavam luzes citadinas, o que alguma foi já se submeteu à desconcentração da glicose que escorre pelos ares rarefeitos que nos sobrevoam, picante que se entranha nas narinas de quem só enxerga linhas no acrílico. A que busca carinho ganha relevo na dissimulação, enquanto permanecem os dissabores das suas consoantes; ventos entrelaçam-se e ideais entornam-se no soalho, empardecem-se só os galhos da falta de repreensão. Sinto as brisas, ao que o grito emudecido me enraivece os tímpanos:
Vou vivendo dos pedaços engasgados nas amígdalas.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Adormecer.

À medida que defeco uma depravada exclusão mental, defeco rios e receios da penumbra, defeco a ilusão duma vida minha. Recorro à morte cerebral do faltoso sono. Absorvo as potências colossais enquanto regrido e ,por fim, esmoreço.

domingo, dezembro 13, 2009

Humanidade

Ouvia as ruas murmurarem por si, auscultando-a.’Uma casa não ser quer grande para ser igual ao ninho, o para cópia do descontentamento, para um rebordo de encobrimento’. Mesmo sabendo da sua inexistência, alguém que se fechou para me ouvir ai no mesmo edifício permanece, silvas abundantes e um 3º alojamento. No que consta desperdício, esclareço mais uma vez a ronda anterior. Verem-se já lhes era de tal confiança, embora o enternecimento tivesse ainda traços embaçados. As frases expiraram-se-nos examinares, no espaço que nos recebe a negligência que transforma os ruidosos ventos em silêncio tornado dor nos nossos corpos suculentos de lascívia, remata-mos com a junção de cútis finas que nos cobrem, entrelaçando as lãs que nos correm as narinas, um absurdo transforma-se, extingue-se o motivo pelo qual dançamos linhas da fragmentação: curvas, quebradas e consideravelmente excelentes no recobro dos músculos, num equilíbrio estático que prolonga um eixo sobre o qual nos enrolamos. Evitamos também os objectos estáticos dentro deste movimento tanto carnal como inato, restabelecendo o espaço onde nos encontrávamos pouco tempo antes.

Já só está em vão a masculinidade deste tempo, o encanto e outros tantos, já não contenho sentimentos em mim.

domingo, dezembro 06, 2009

Embalsamento

Recordava a mudança que se dava, se pintar mais paredes, refúgio de marfim, mastros retirado aos titans da dor. Não me vale, saber que o possuo enquanto me perfuram os ossos, expelem-se fumos caramelizados. Se a sua voz cai em graças é o rural que nos catapulta a admissão a uma nova alforra, dimensão do vago que enche os copos. Se me fixasse, ninguém refutaria, o molde quente seca-me as pálpebras enquanto folgo o nevoeiro. Se to ditarem, nada mais é sacro que o senão da tua melosa lógica, e a ração que te servia de cabeça perdeu-se, cortam-se as suas penas para que a clareza invada esta sala. As barbas já ninguém as olha, que essas, embora brejeiras, já desfazem a complexidade dos engenhos e tiques, resvalam-te as crenças e continuas a criação. De todos, já menti-mos na segurança de voltar a sentir, algo que futuramente será raro, anões já encrespam florestas enquanto continuo o inconsciente de existir em trocas de galhardetes, sem remoer nos anos que já me afugentam. A sabotagem das memórias que me assombram a pele deixam escorrer bálsamo pelas unhas. A negação leva o embaraço a derreter-se numa panóplia de sons, escorços de mel coreografam-me a cabeça, tentando-me ao deleite.