domingo, setembro 21, 2008
Paternidade
Giram á minha volta. Não vejo, não os sinto. Cheiro. Cheiro esse do que seria um dia uma luz no fundo do túnel. Entopem-se as veias. Jorra...Parte de um ser que está em mim sem me ser. 'Dói-me o nariz'. Ardo, no frio de um inverno avassalado pela chuva, pingada no telheiro. 'Entra. Faz de tua vontade, instala-te'. Abrupto, o que se parece com um vulto do que nunca foi (se alguma vez será, repousa na minha mente a sua ideia), não o pretende de alguma forma. Uma escolha. Violentamente, rompe-me como quem mata a dignidade. Enche ocupando a madrugada cinzenta que me ocupa nesta depressão sazonal que se forma como um buraco negro. O ventre arredonda-se fortemente, não um escudo mas papel. Ao menos movimento, engelha-se. Não tive noção de como ia ser...assim. As pestanas, essas, estão unidas por resina bloqueando uma vista desejável e perturbadora. Minha maldita resina. Matei quem ser, aquele que me induziu a esta queda, maior que tudo mais íngreme que já alguma vez alcancei e virei a alcançar.'Indumentária do pastel de nata'. Agua.. Dói-me tudo, menos ele. Não me ouvem? Á-G-U-A. Mantém-se intacto enquanto peno e me desolo. Passo a mão da minha dor pelo corpo, amortecido pela luz matinal, serena, atravessando-se pela minha traqueia como um pedaço de carne preso. Carne humana, vermelha, apetecível. 'É enfim um fim igual, não para nós, não para mim.'. Tantos outros como que encarcerados...mostram-se ávidos á mesma razão: vida. Nada agora por líquidos infectados, pelo normal peso da alma, enfurecido. Infectados, somos. Corta a veia, na ânsia de suprimir a dor, engulo-o de um só trago. A sede cresce. Não faço força, porque não há forças para me esforçar. Desliza. "É voltar, sem dor nem mágoa.Isto é só mais uma razão para estar sem ninguém por ti". Nasces levando-me a um extâse do veneno que me corre por mim acima. São, observas-me, meticulosamente. "Só mais um peão.".
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