domingo, setembro 12, 2010

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O fim do serão assombra-me com a sensação de uma eternidade desperdiçada. Está presente o factor temporal determinante de uma forma tão perigosamente descansada que, de certa forma, me assusta.
Esse factor deixa-me a gatinhar até às réstias de sanidade, ao pouco ar rarefeito que me alimenta o cansaço, enquanto outros se deixam fundir no embaraço das complicações sem estranheza, torneados com uma ligeira sobriedade. Tudo foi perdoado, as explicações perdem-se em nuvens etéreas, despreocupados da paixão abundante que se esconde debaixo dos móveis, pelos cantos de terra batida. Os bosques salpicados com todos os odores duma vida, uivam pelo esquecimento, os bichos cobrem-nos de cinza e canela. Estrangulada por redes, perco-me nas rochas das colinas pútridas, outrora casa de sentidos já esquecidos. O fogo já fora apagado mas o espesso odor a raiva ainda inunda a terra húmida. Fora deixada para a ressurreição.

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