terça-feira, julho 27, 2010

Acordar

Focando-se num certo ponto, em que a escassa expressão é resumida a batuques de encostos e mãos retorna a uma embriaguez dos céus cinzentos que acabrunham o final do dia, na naturalidade forçada que remexe as entranhas da consciência, de formas peculiares e esgaravatadas pela necessidade de se sobressair. O falso hábito da acomodação e o molde do berço tão pouco juvenil embaraçam-lhe as maçãs do rosto, enquanto se revê em pássaros de papel. Tão frágil como persistente, passeia o impasse da corrupção, arrebatando folhas espezinhadas, que despertam um sinuoso instinto de parar. O silêncio bloqueia a distinção entre realidade e a alucinação, enquanto a imaginação emboca pelos tímpanos infalivelmente eclodidos. A fraca imensidão de luzes emergem-se-lhe em sonhos pútridos, as ondas entrelaçadas irrompe-lhe o peito de fífias e deslumbres, de tons pastel e fluorescências, causando a queda na irreflexão.
Um apito falso e longínquo ouve-se, denota-se um esgar na sobrancelha esquerda e um lapso. Levam-se lhe as mãos aos olhos, arrastando os papos até às orelhas, enquanto estremunha o último pesadelo pela ponta dos cabelos.

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