quinta-feira, novembro 20, 2008

Vegetal

Há a auxiliar de infância, os senhores da hidromassagem, uma idosa, o marroquino. Eu não existo desde o momento que entro por essas portas de vidro baço. Azulejo e de novo posso ler “Vestiários” escritos em autocolante por alguém que não sabia o que fazia. Passo a um peso morto, inalo o ar quente, sinto o sangue abrandar. Refrigério santo. Pequeno corredor raquítico banhado de cerúleo, um extenso banco diminui o pouco espaço existente. Parece gás o que me dilata no meu ser, expande o meu horror. Caiu como um peso morto, braços pendem lado a lado. Vista circundante sem qualquer controlo. O coração corre loucamente numa sensação arrebatada pelo atraso das minhas veias púrpura que se estendem ao logo do cadáver. Sendo que tudo permanecia, não havia culpa de nada. Burburinho, murmúrio, ruído, sussurro, rumor irrompem os meus tímpanos como uma folha cai forçosamente até á calçada. O cerúleo foge para se mutar numa turquesa. Estico o pescoço, articulações como pedra mal me permitem mexer. ‘Percorria á beira-rio, caminhos vastos sem fim nesse nevoeiro. 'Il a fuité. Oh, cruelle couardise… ‘‘. Passado perfeito em ruínas, invisíveis agora que a neblina em que corro esmorece em branco., o sofrimento não esgota mais este miolo ao qual a pena já foi dada antes do perfeito ser presente.


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