domingo, agosto 03, 2008

5 Ghosts I

Um ar peculiar, embora triste. Não há vontade de esboçar um único sorriso com os cantos da boca "de mimo". Os olhos esboçam um vazio profundo, vindo de dentro. Doí. Alguma coisa, doi mesmo. Intrigada, anda na lua. Sem atenção para nada, minuciosa aos pormenores. Repara em tudo, mas não vê nada á frente, de facto a sua visão nem é a melhor devido ao estigmatismo.
Anda lentamente pela rua, quase se arrasta. Ruídos de fundo invadem mais a sua atenção do que os próprios murmúrios de gente que a rodeiam. O som da sua respiração é tenebroso aos seus ouvidos, embora silencioso. Anseia por pará-lo.
Passa pelas tasquinhas e lojas suas conhecidas, invulgarmente abertas até aquele momento. Passa pelo terreiro, dando a volta do costume até á praça.
Chegou. O som do saxofone mistura-se lindamente com a percurssão e estimula mentes. Entrou num café, como sempre apinhados mas nesta noite pareciam ainda mais. Muitos conhecidos, nenhum interesse. Decide juntar-se ao "povo", em torno da banda de jazz. Observa-os minuciosamente e ouve com os olhos até ao fim da actuação. Delicia-se com cada nota.
Fim?
Não sabia. Começa a andar, involuntariamente mas com vontade. Anda devagar mas com pressa de fugir dali. Confusão mal nenhum lhe faz. Mas a sensação de não ser desejada entre desconhecidos por ela mesma.

Sem comentários: