Não sou dada a emendar asneiras, apenas a confecciona-las. Sem deixar de me sentir acompanhada acabo por perder a ignorância do que já não sou e vejo-me a dar cegas facadas no chão. É tal a cegueira que só resisto ao núcleo brando que se forma por detrás do vapor. Permanece rouco o grito que anseio por comunicar, sempre que relembro, mais morta que consciente, o perjúrio que este já desenhou nos soalhos. Talvez assim se apaguem os risos alvoroçados e o rebuliço que acabo por abafar. E tudo na ânsia de não me saber compreender, nem mesmo exprimir. Benzo de ingénua a forma como releio os pequenos jogos de luz, todos os insignificantes detalhes, à medida que te passeias pela sala, rebuscando e analisando cada metro quadrado. A esfrega dos poros e o arremesso de cartão, num movimento cíclico, quase autómato, afiguram-se as poucas e inócuas construções frásicas que exalo. A maresia rebenta a meu passo, permanecendo, eu, estática. Os ruídos ensurdecedores deixam-me pequenos golpes, singelos e inofensivos, relembrando o avesso em que penetram as contradições, tal como as premonições.
Na minha maneira mais infantil começo a rimar, sem deixar de afrouxar os nervos faciais, na rotina enfadonha, vocês sabem, aquela que quebra a perseverança. Estendo-me na madeira que me repulsa, e absorvo a humidade, à medida que rezo a Ares a chegada do fim pela bruma matinal. E nisto peço-te: faz-me parar.
sexta-feira, abril 29, 2011
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