domingo, janeiro 03, 2010

Bafio

Já se me esgotaram as hipérboles, resta-me o bafio de continuar a enfatizar, os tecidos, as linhas, a trama que teimo em desdenhar. Pelas teias que arranquei, mereço todas as acusações, ainda que patranhas. Soube que não tinha de me arguir, tinham-se quebrado ambos os copázios cheios de perseverança, não pelos meus dedos, nem mesmo pelos desajeitados joelhos. Não foi a violência grosseira, essa movimenta-os na rotina, a árdua percepção de um fim contíguo, quem sabe a pequena lentidão de demonstrar firmeza mútua. A distância entre o nariz e o canto dos lábios era capaz de ser maior do que a da razão, e a luz a apagar rasga as vozes que para mim ele cantou. Só mais uma vez, pensei acordando às cinco da manhã, fluindo em manchas no vidro baço. Talvez tenham tido a inconsciente razão para actuar na autodestruição dos mesmos. Hoje já não se ouvem as ventanias caramelizadas que anunciavam o advento, o vinho já não amorna, somente o pisar dos cacos aguarda um reencontro rancoroso. Eu já esqueci tentar que cantarolasses, continuo a namorar os cotovelos.

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