domingo, dezembro 05, 2010
Silêncios
Talvez porque, por vezes, me perco na escolha de palavras ainda inexistentes e deixo escorrer o silêncio pelas paredes, mas não é de uma forma incitada que o faço. O silêncio cobre-se de inveja, e tropeça no cómodo prazer de troca de olhares. Não fosse já embaraçoso, os esgares dos lábios não me acompanham as intenções, podendo dizer que sou contrafeita pelo meu exterior. E todo o meu lado esquerdo, imperfeito e irregular, se entristece. Não pela surdez dos agudos, a costela que espreita ou o olho mais miópico, talvez pela forma atabalhoada como se acanham. E deixo-me estar, sem um pio, pela vergonha da figura que tomei ao longo das quadras. Porque esta não é a última vez, nem mesmo as últimas frases.
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