quarta-feira, agosto 11, 2010

Prisão

A lombriga entorpece-se, levando-me à simplicidade de assombrar os silenciosos passos que me enchem o crânio. Levanto-me. Uma repercussão de flashes ofusca-me na arrogância de suspirar o ar etéreo que me corrói as narinas. A pretensão de me manter inconsciente é, acima de tudo, razão para acordar. Fricciono as costas das mãos contra as pálpebras, chocalho as percepções e fantasias. Deixo-me ondular até às raízes capilares pelas sombras cerúleas que me transportam, extinguindo-se depois nas cordilheiras que consomem a minha secretária. A repetição de onomatopeias enxagua-me a pele dos intrometidos, levedando-me de cinzas. Flicto a perna esquerda até o mindinho sentir o húmido da carpete, ensaboando-me no cheiro pútrido a rua. Esqueço frequentemente de como alvorar, as amarras já se incumbiram na carne, a doença foge com a lascívia, manchando-me os vidros. A mão derrapa pelo espelho, enquanto a outra te prova - já não tenho medo. Continuas quente, senão já morreste, uma outra vez, sem me olhar. As linhas pitorescas irrompem-me as pupilar, as esferas multiplicam-se, deixando a íris gélida. Chega a agnosia e a cegueira, do tanto que esperava mostrou-se mais débil. A putrescência leva o degredo, deixando-me aqui, consciente da plena sanidade que me trouxe. A cólera torna-se elixir de sobrevivência.

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