É translúcido o tecido escuro que me envolve, quase como se de vinho se tratasse, como se eu alguma vez tivesse essa sorte. Deixo-me mover em longas linhas rectas, de quem só se aproveitam os torcicolos deixados, juntamente com a fadiga. A lancinante dor do entorpecimento dos músculos nada mais me mostra que a dureza da impaciência. Aí deixo-me entorpecer pela aguarela que me inunda o corpo e pelo esforço de não me fechar no meu casulo de vidro. Haja quem houver, continuo sem perceber o fascínio da necessidade de ensaiar a desordem, apesar de muito o reflectir - como se uma alcateia se virasse contra o vento e se espavorisse contra o vidro, o meu vidro, e numa explosão de sensações e entranhas arremessasse a plenitude da morte, encanto (quase) só meu.
Acabo o raciocínio e deixo-me emergir das cores pálidas e pastel com quem me fundi, para me deixar asfixiar nos ventos e aí desaparecer, numa pífia alegria, na velhice dos solos que se elevam numa grande e negra névoa só para me elevar até ao sol, e derreter numa só amálgama, elástica e apodrecida - como se em compota me transformasse – e lentamente poisar na relva, para ai permanecer mais uns milhares de anos.
- Para mim é simples, a indiferença.
segunda-feira, junho 06, 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário