Sinto-me a desfalecer, quase nas nuvens. O pesar dos poucos segundos sem pressa de recuperar o fôlego faz de mim um mero improviso espalhado pelo ar até ao embate no penúltimo degrau do terceiro vão de escadas. O ar quente subiu-me à tiróide num estrondo tal que deixei de matutar. Tudo porque me deixei regressar e enegrecer o teu presente à mesa-de-cabeceira, já sem pernas. Sinto o sangue quente de quem me agarra os braços e torneia as mãos enquanto a corrente de ar me massaja suavemente as pálpebras. Os aros que me envolvem os dedos descolavam da penugem que te cobre a cara enquanto libertavam pedaços de cútis, numa lentidão e fogosidade quase surreais. As poucas diferenças que nos tocavam espalharam-se pelo espartilho que vestes. Sinto que são poucas as memórias que restam do fim.
Não é tanto o arrependimento como a vergonha – na verdade gostaste quando a união nos estilhaçou, conjuntamente, o maxilar e a mão -, mas sim a sinceridade de admitir que não fora somente a embriaguez - ahn?. Foi também a vontade de reciprocar o quanto te honro.
Agora fico eu à espera da culpa e o teu cadáver à procura de cova onde desaparecer.
segunda-feira, março 07, 2011
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2 comentários:
eu compreendi o que querias dizer. e acho que compreendo a tua escrita, mas ela é muito complexa precisamente por ser tão íntima, e tão rica em poesia. eu acho que já escrevi assim, em tempos.
não tenho a certeza. Comecei a pensar de outra forma no que toca À minha escrita. deve ter sido influência do que andei a ler. pois passei muito tempo a ler sem escrever, e antes passei muito tempo a escrever sem ler. agora não tenho feito nenhum, infelizmente. mas tenciono recomeçar.
paixões tiveram também uma grande influência na minha escrita. escrevi muito sobre amor , mas de uma forma dissimulada.
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