domingo, setembro 13, 2009

Anil

Inspiro. A exposição à vergonha de fugir a um passado que espreita o próximo caminho, a divergência de reflexões que no crânio se encontram tatuadas, o fugir a conceitos já escritos anteriormente, o medo de ser reconhecida, a sensação de abrir um feixe de luz de uma entreaberta, penetrar uma nuvem de fumo que arde na planície, combater quem não teme roubar as decisões, as sensações, os medos, indecisões de ser mais um fraco encostado numa parede que divide em dois o planeta. O combater de tudo isso confrontando a indecisão de pertencer a um outro século, o saborear das derrotas ainda presentes, os cheiros que respiro e apodrecem o interior, o toque do saber mais profundo, o conhecer de mais legiões e culturas, o fruto doce de perder, uma vitória ensanguentada, a ocasião de decidir o que de mal molda o espaço e o tempo, abraçar diferentes modos, manusear o arco e escutar. Ouvir os diferentes tons, os vermelhos e amarelos, um quente ambiente para mais um frio não o parecer. Os graves e agudos, desenhar os meios-tons por linhas curvas, e decidir. O reflectir em todo o envolvente e o inexistente, imaginar e criar o que não possuo e ver, ver por outras formas, saborear outras vidas, deixar de ser. Inexistir, morrer por dentro e voltar a voar, deixar o pouso e desenhar um céu roxo, voltar e conseguir caminhar. Não parar, sem nunca sair daqui. Movimentos involuntários que se formam numa dançam contemporânea, deixar-me invadir e não resistir. Retroceder e avançar. Sentir o correr do sangue nas veias. O que eu penso e não digo. Conseguir todos aqueles que não se mostram. O que começa com silêncio e desenvolve uma panóplia de vozes. Saber o fim. A repetição. A repetição de riscos já penetrados no plástico, a repetição do erro, a repetição do ardor, a repetição da contradição e da descoberta. O esquecer do que se escreveu, escrever simplesmente por rascunhar com uma caneta e redesenhar a ténue linha azul que escolhi para mim, demonstro aqui que não é só a confusão, é também o deitar tudo para trás e observar o já feito, deixar de ver para a frente e olhar para cima, tocar o anil com os olhos e expirar.
Porque este invólucro a mais ninguém mói.

2 comentários:

Mariana disse...

" Porque tu estas sempre a pensar, E ali é o local onde está o cerebro, e é ai que se encerram todos os pensamentos.
Os teus pensamentos."

Laura.

Laura G. disse...

o anil estará sempre no espaço entre ti e o céu.
és o que me faz voar mariana.

amo-te